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23 de dezembro de 2010

Humor


Só pra não esquecer dos alunos durante as férias!


Confesso que eu não entendi a moral da folha com risquinhos. Acho que a professora só queria ocupar o tempo das crianças...

21 de dezembro de 2010

Fatos do dia: Acessos ao blog

Pois então.

Vinha eu, de longa data, me questionando sobre os acessos ao blog.
Já é final do ano e o contador de visitas registra pelo menos 300 acessos, alguns de fora do Brasil.

Intriguei-me.
Será que os professores de outros países também estão sofrendo?!
Será que a fama do meu blog já tomou proporções mundiais?

Infelizmente, não, caríssimo leitor.

Descobri que ele foi incluído como "sugestão de acesso durante a espera" junto a blogs de história pelo site PINGY (que suponho ser de downloads). Qual foi o critério usado? Não sei. Mas da próxima vez que você estiver fazendo downloads, entre nos sites sugeridos e tenha uma experiência inesquecível.



Tenho certeza que os caras da Croácia nunca esquecerão meus conselhos!

10 de dezembro de 2010

Descanso mental, tédio, replanejamento.

A gente só percebe o quanto tempo passa planejando uma aula por dia quando, subitamente, não precisa planejar mais nenhuma aula por dia.

Nesses últimas dias em que entrei de férias (eba!) dos alunos e já concluí a arrumação da biblioteca, vinha notando um fenômeno estranho. Eu chegava em casa, no mesmo horário de sempre, mas agora conseguia responder emails e jogar joguinhos online. Alguma coisa estava errada.

Dei-me conta de que o meu tempo de planejamento de aulas diário era tão grande que agora que não preciso mais planejá-las, não sei o que fazer com o tempo. Comecei a sentir tédio.

Representação imagética do tédio

Por um lado, não dá pra reclamar. Terminei de ler o livro que tinha começado há dois meses, e estou tendo um belo descanso mental.

Por outro lado, tive que me encher de terapias ocupacionais, porque não sei mais o que fazer se não estiver dando aula.

Até o Natal, eu certamente já terei organizado todos os planos de aula pro ano que vem, os capítulos de livros que vou usar, os filmes que vou passar, os trabalhos que vou pedir e os passeios que pretendo fazer. E dou a dica: você, professor, que deixa pra pensar em tudo isso só em fevereiro, adiante-se! Um bom planejamento faz com que seus alunos não saiam da escola sem saber o que foi a Ditadura ou a fórmula de báskara, só porque não deu tempo.

Não adianta trapacear. Nenhum aluno jamais estudará o conteúdo do último capítulo do livro.

A minha fórmula pra um planejamento bem regulado e bem tranquilo (e tem funcionado) é a seguinte:

  • Divida o ano em três trimestres, cada trimestre em 3 meses (dã!) e cada um desses meses em aprox. 10 semanas.
  • Planeje a aula POR SEMANA, porque é mais prático. Assim não precisa se planejar a aula por dia, detalhadamente, e nem se planeja por mês, não sabendo o que vai dar em cada um dos dias.
  • Nesse ano, tive a sorte dos meus períodos serem sempre juntos. Ou seja, tinha 2 períodos juntos de história ou geografia com a mesma turma. Portanto, o que eu havia planejado para aquela semana, deveria ser cumprido nos dois períodos que eu tinha naquele dia.
  • Separe, por semana, qual a matéria que você deve dar, quais as páginas do livro didático que servirão de apoio e qual será o possível trabalho ou tema de casa (uma redação, um filme, uma pesquisa)
  • Caso os meus períodos com cada turma fossem separados (p.e., aula de história para a 6ª série na segunda e na quarta), o planejamento da semana deveria ser cumprido dentro desses dois períodos "espalhados".
  • Deixe sempre uma "semana" para revisão e avaliação. Já sei, por experiência própria, que não é bom dar matéria antes ou depois de qualquer prova. O dia de prova tem que ser só o dia de prova e deu. O aluno não se concentra em nada além disso.

Pode parecer muito trabalho dividir as coisas assim, mas pra quem não tem tempo, é um planejamento valiosíssimo. Em pelo menos duas turmas eu concluí a matéria muito antes do tempo previsto, pelo menos umas 3 semanas antes das avaliações finais. Em outras, cumpri no tempo exato. Em algumas poucas o planejamento ficou muito atrasado, mas coincidiu justamente com os feriadões e copa do mundo, e isso atrasou muito as aulas.

Quando a gente não tem tempo pra nada, é um alívio chegar em casa e ler no planejamento que no outro dia a matéria é só da p.180 até a 182. Você lê as duas páginas, pesquisa só sobre esse assunto e a coisa anda muito mais rápido do que pesquisar o assunto na íntegra.

Abaixo, um exemplo de planejamento.
São as semanas de aula do 9ºano, no segundo trimestre.




Graças ao bom Deus que pra 2011 o planejamento anual fica exatamente igual e o livro usado será exatamente o mesmo. Ou seja, o planejamento será o mesmo, não preciso mexer nem na numeração das páginas do livro, mas com alguns incrementos.

Se alguém quiser uma cópia da tabela que eu uso pro planejamento, é só deixar um comentário, nessa postagem, com nome e email, que eu mando em anexo.

4 de dezembro de 2010

Tentando coisas novas: Filme HOTEL RUANDA



Todos sabem que sou adepta dos filmes em prol da educação, mas nem sempre eles são realmente interessantes pra se passar em uma sala de aula. Apesar dos meus alunos gostarem bastante de filmes de guerra e ação, não são meus tipos preferidos, prefiro aqueles que o enredo tem uma certa fidelidade histórica ou toques de humor.

Filmes feitos na década de 70, por mais que sejam coloridos, não costumam chamar a minha atenção*, a menos que sua mensagem seja realmente única.

Tirei a sorte grande ao descobrir o filme Hotel Ruanda. Ele não se concentra na parte econômica (assim como o filme Diamantes de Sangue que, confesso, não gostei muito) e nem trata de escravidão (no estilo Amistad), o que é relativamente raro de se ver em filmes que tratam especificamente sobre a África.

Hotel Ruanda fala sobre a guerra civil africana, entre o povo tutsi e o povo hutu, mas apesar de situar-se na África, não aparecem só cenas de miséria. É um filme muito atual, muito moderno, e eu recomendo aos professores que tratarão sobre a realidade (atual) africana. Sugiro, apenas, que siga a recomendação em relação à idade, que eu creio ser para maiores de 14 anos.

Um dos poucos filmes de conflito que me deixou bastante encantada e tem um quê de "A Lista de Schindler".


* Com exceção dos filmes do grupo Monty Phyton, que são e sempre serão atemporais e engraçados demais!

3 de dezembro de 2010

Sobre o pavor de acabar o curso

Final do ano está chegando e, com ele, todos os encerramentos.
Os professores encerram os planejamentos e os cadernos de chamada¹
Os alunos encerram - com prazer - as aulas.
E eu (Jesus amado, me ajuda) estou encerrando o curso de História.

O meu desespero é totalmente compreensível. Eu não construo nenhum produto, não projeto nenhuma tecnologia e nem preciso organizar nenhuma estatística. O fruto do meu trabalho são pessoas que, graças à mim, podem ter a formação que precisam pra vida.

Ou não

Se eu conseguir, pode ser que saiam novos embaixadores da ONU, geógrafos, exploradores da natureza. Se eu falhar, talvez eles entrem pra política e elejam-se vereadores. É um risco que eu corro, ainda mais estando sozinha.

Durante o tempo em que comecei a dar aula, estive sob os cuidados dos meus próprios professores, que sempre me indicavam um lançamento de livro, ou um filme desconhecido que poderiam me ajudar didaticamente. Depois que eu me formar estarei sozinha. À mercê de mim mesma.

E dos alunos
Talvez seja por isso que muita gente não termina o curso. A jubilação da faculdade está em alta nesses dias.

Não acredito que um professor consiga se manter apto a ensinar por muito tempo sem estar em constante contato com o mundo acadêmico. Mesmo que ele seja ingrato, injusto, hipócrita e totalmente falso²

Portanto, estar sozinha e ensinando pequenas pessoas me deixa bem apavorada. Graças a Deus muitas coisas boas ficaram, e meus professores foram pessoas maravilhosas. Um deles, meu paraninfo, até concordou em fazer fotos malucas comigo.
Manoel me coroando Cavaleira-Docente da Primeira Ordem em História

Espero ser pros meus alunos aquilo que o meu professor foi pra mim: um amigo, um cara que folgava muito na gente, que dizia que não nos aguentava mais ver, mas que ficava feliz da vida quando ganhava de nós uma paçoquinha ou quando fugíamos pra aula dele ao invés de permanecer nas aulas dos outros professores.

Enfim, Deus ajude a nós todos.
Rumo à pós-graduação!

____________________________

¹ Fui encerrar, passar a régua e rubricar meu caderno de chamada apenas hoje, dia da entrega dos boletins.
² Indignação total com a comunidade acadêmica depois que a minha pesquisa de um ano e meio sobre os Mucker - de total relevância social e importante pro turismo - não ganhou nenhum reconhecimento enquanto pesquisas históricas, específicas demais para serem usadas por qualquer pessoa além das próprias pessoas que pesquisaram, ganharam prêmios internacionais.

UPDATE

Não sei por que esse tipo de informação só aparece depois que a gente termina o curso, mas pra quem está na batalha, aqui vai. (Momento capitalista mode on)



Belíssima contribuição de @polisanchez para o blog. Ela também já passou por essa fase e tirou um A na defesa da monografia.
Fica a dica, pessoal!
OBS: Se algum dos meus alunos resolver usar os préstimos dessa empresa, estará compulsoriamente rodado.

30 de novembro de 2010

Conselho de Classe X No Limite/Hipertensão/BBB

O conselho de classe é considerado - por muitos - o verdadeiro reality show dos professores.
É nele que você verá as qualidades, as fraquezas, saberá das fofocas e potencialmente corre o risco de eliminar um dos participantes.

Pra mim, o conselho de classe é um momento de auto-reflexão de mim mesma enquanto profissional, e eu sempre descubro (a cada três meses) que eu não sou a profissional tão boa quanto eu achava ser. Mas o pior mesmo é descobrir que OS OUTROS não são os profissionais que deveriam ser.


Adolf Hitler. Cativando professores com sua ideologia.
O professor, enquanto espécie, divide-se em vários filos, possibilitando um corpo docente deveras heterogênio. Sempre existirá o professor-Mussolini, cujas ordens devem ser obedecidas, o professor-Marx, cuja culpa de todas as coisas ruins do planeta terra centram-se no sistema capitalista (olha eu \o/ ), o professor-Bob Marley, que nunca está exatamente à par do que está acontecendo e é evidente que está fora da realidade, etc. No conselho, esses espécimes são obrigados a conviver juntos e - quem diria - tomar decisões juntos.

O ruim de um conselho de classe é perceber que o profissional do teu lado, aquele que entra no período depois de ti, que usa uma pedagogia radicalmente diferente da tua, não percebe que está tendo problemas. Como diz a minha própria diretora: "Quando um aluno está com nota baixa, desconfia-se do aluno. Quando toda a turma está com nota baixa, desconfia-se do professor".


Eu, particularmente, desconfio em 98% das vezes do professor. Se o professor cativa o aluno, consegue ir muito mais além, mas sempre existem aqueles que seguem a filosofia de Maquiavel, de que é melhor ser temido do que ser amado.

Pessoas amadas acabam baleadas (releitura das idéias de Maquiavel)


Bom, John Lennon foi amado e levou um tiro. Adolf Hitler foi detestado e também morreu. Na dúvida, é sempre bom causar uma boa impressão.

Fico bem decepcionada quando os professores se mostram cansados demais para ensinar, ou inovar, e simplesmente deixam que os alunos tomem conta das aulas. Outros, é duro dizer, acho que não nasceram para essa profissão, e descobrirão do jeito mais difícil. Ainda bem que sempre existirá a bem-sucedida carreira de telemarketing...nem tudo está perdido nesse mundo capitalista!

Muitos ex-professores encontraram profissões de sucesso fora das salas de aula


Faço o possível para que TODOS os meus alunos consigam entender os conteúdos com facilidade e muitas vezes isso me exige o triplo (em relação a tempo e material) de um planejamento comum. Vale a pena pra quem paga o preço. Tenho alunos disléxicos, hiperativos, letárgicos, com déficit de atenção e a típica revolta adolescente que tiveram praticamente 70% de aproveitamento dos conteúdos do ano inteiro.

Confesso que por ser meio preguiçosa, sempre torço para que nenhum dos meus alunos fique em recuperação, pra que eu possa entrar de férias 2 semanas antes. Apesar disso, se fosse necessário, eu o faria. Há outros que inevitavelmente precisam deixar os alunos de recuperação. Compadeço-me desses.

Alunos, além de muitas outras coisas, são pessoas. E reagem.

28 de novembro de 2010

Técnicas pedagógicas avançadas: Memes de internet.

É inegável que nós, como professores, temos que estar atualizados. Enquanto os mais antigos diziam que devíamos "ler jornal", com o avanço da informática mais e mais pessoas têm acesso às maravilhas do mundo digital, como ver os vídeos dos gols da rodada e acessar pornografia de graça.

É claro que a massificação da Internet teve um custo. Hoje em dia pessoas que mal conseguem escrever com papel e lápis cometem atrocidades com o teclado.


O maior responsável pela ruína do Orkut.


Frases estranhas e sem nexo se tornam bordões da noite para o dia. Usar esses memes em sala de aula é um risco que geralmente dá um bom retorno. O problema é quando, apesar da inclusão digital, dos PCs Positivo, e do crediário em 48x das Casas Bahia, o professor está "atualizado demais" em relação aos alunos.

Em uma aula para o Ensino Médio (justamente a parcela demográfica que raciocina em megabytes), resolvi pegar emprestada uma frase de um vídeo que, pensava eu, era bastante conhecido:


Melhor banda do país, de acordo com a MTV

Os alunos riram compulsivamente, e a continuidade da aula estava a salvo. Porém, o viado que inventou a ironia esqueceu de criar uma forma da outra pessoa saber com 100% de certeza o que se passa. Resultado, acabei levando o crédito pela frase, e até hoje alguns alunos me olham e dizem "e aí 'sor', puta falta de sacanagem hein?!"...

É... puta falta de sacanagem.

26 de novembro de 2010

Inventando coisas novas: Colaborações no blog

Cuidar de criança é uma coisa que relaaaaaaxa a gente! (SELMA, Irmã. Terça Insana. Internet: Youtube)



Como não existe apenas eu em pânico com a educação brasileira - muita gente precisa compartilhar as suas experiências e receber apoio psicológico - o blog Professor em Pânico® agora conta com a colaboração do companheiro de profissão: Plinio, o historiador!

Em breve, o Prof. Plinio postará as suas inovadoras técnicas pedagógicas, que você poderá usar também! (não sem correr riscos)

Qualquer professor que esteja em pânico e queira colaborar com este humilde blog pode deixar o email nos comentários deste post que entraremos em contato. Os depoimentos serão relatados aqui com a devida fidelidade e identificação (ou não, porque a gente nunca sabe quem está lendo, né?).

Professor em Pânico®
Sempre aqui para ouvir você!

Final de Ano no Rio de Janeiro

O Caveirão qualquer dia vai virar "kombi" escolar
O novo uniforme escolar do Rio

Final de Ano

Educar essas crianças até os 18? DEUSULIVRE!



As notas estão praticamente fechadas, o conselho de classe está marcado.
Agora não tem volta.
É claro, um ou dois alunos de recuperação e provavelmente haverá alguma reprovação.
Fico impressionada com a chantagem emocional que os alunos fazem quando chega o final do ano e eles percebem que não chegaram lá. É como se fossem aqueles cinco estágios antes da morte que os psicólogos defendem:


1. Negação (Eu não estou de recuperação, faz as contas aí de novo, prof. Não é possível!)
2. Fúria (Como eu fiquei em recuperação?! Essa escola vai ver só! Agora meus pais vão me matar!)
3. Negociação (Não dá pra me dar uns pontinhos por comportamento, sora? Posso fazer mais uma recuperação? Fala bem de mim no conselho?)
4. Depressão (Não quero mais fazer trabalho nenhum, eu já sei que vou rodar mesmo! Não quero ir no passeio da escola!)
5. Aceitação (Fazer o quê, né? Vou rodar mesmo, azar. Ano que vem eu estudo. Não tem problema, meu pai não vai me tirar dessa escola ainda).


É impressionante. Nunca vi tamanha explosão de emoções numa mesma semana! Juro que as lágrimas não eram cenográficas e tinham uns com falta de ar. Alguns perderam a cabeça, tocaram as cadeiras em cima dos colegas, saíram de soco no pátio, tentaram fugir pulando o muro da escola, etc. Enfim, é uma época bem turbulenta.

Como terapia, estou arrumando a biblioteca. Enquanto isso, em casa, arrumo todos os meus arquivos do pen drive e incluo mais materiais para o ano que vem: filmes, jogos, livros, passeios, etc.

Baixei um programinha grátis de biblioteca para catalogar meus livros e revistas em casa (indicação de @polisanchez) e pretendo deixar tudo em ordem. Será mais fácil de achar os materiais (tenho uma móvel de madeira cheio de coisas usáveis)

E que venha o final do ano porque já não aguento mais!

25 de novembro de 2010

Revelação bombástica da semana

O que professores conversam quando não estão dando aulas?!
Sobre aulas!



O Plínio me inveja. Ganhei o dia.
Teacher wins!

23 de novembro de 2010

Tentando coisas novas: Filme OSAMA

Tenho uma grande predileção por ilustrar as minhas aulas com filmes. Espero adquirir um número bom de filmes que tenham a ver com a minha matéria (com excessão dos filmes de segunda guerra, que eu já tenho demais) e usá-los na finalização de cada conteúdo. Aliás, vou reformular o meu planejamento anual e semanal das aulas pra que os conteúdos sejam mais sucintos, precisos e pra que sobre mais espaço para os filmes. Abaixo, a minha dica de filme com a sinopse para quem estuda o Oriente Médio em História ou Geografia:




Mãe oprimida pelo regime Talibã no Afeganistão sofre com a morte dos homens da família, não tendo como sustentar a casa (só os homens podiam trabalhar). Ela muda a aparência de sua filha para que ela se pareça com um garoto. A garota, agora sob nome de Osama, acaba sendo recrutada pelo Talibã para lutar. O filme mostra a realidade de muitas famílias e a crueldade do regime Talibã.

Educação e Inclusão

Minha professora da cadeira de Educação e Inclusão iria gostar da reportagem. Muitas escolas excluem alunos já na matrícula e não dão nem sequer esclarecimentos satisfatórios. Tenho certeza que a minha escola aceitaria as crianças e eu adoraria trabalhar com elas (óbvio, quando chegassem aos 12 anos. Criança com menos do que isso "me dá um nervoso").

Mãe de duas crianças com autismo tem dificuldade para encontrar escola para os filhos


Portadores de grau leve do transtorno que afeta a comunicação, os dois irmãos foram rejeitados por colégios da Capital


Encontrar uma escola para seus dois filhos — uma menina de seis anos e um menino de três — se transformou em drama para uma mãe em Porto Alegre. Portadoras de um grau leve de autismo, as crianças já foram rejeitadas em duas escolas particulares próximas de sua casa. Agora, a mãe pensa em se mudar para perto de um colégio que aceite o casal de irmãos. Motivado por casos como esse, o Ministério Público Estadual (MPE) tem um inquérito civil sobre inclusão escolar em andamento na Capital.

— Eu digo para a minha filha que os colégios não têm vaga para ela. Mas todos os outros colegas já comentam sobre a escola onde vão estudar no ano que vem. Ela chora e tem dificuldade para dormir à noite — revela Alessandra.


Fonte: Zero Hora

Fatos do dia

Já arrumei os livros de matemática, português, ciências, história e os livros integrados da biblioteca da minha escola. Trabalho duro. Espero que a minha crise de rinite alérgica tenha valido a pena.

22 de novembro de 2010

Homenagem a @polisanchez pela graduação em Biblioteconomia!

Aê, Poli! Parabéns! Agora tu terás 30 anos até se aposentar das crianças chatas, dos livros perdidos, das multas atrasadas e dos velhinhos que nunca lembram o título da obra que querem!

18 de novembro de 2010

Humor: Discussões Políticas



Pior que meus alunos adoram "brincar" de debate político, mas eu proibi. Sempre termina em Mortal Kombat.

Humor: Provas de Final de Ano




Nota de professora exibida: meu aluno GABARITOU o provão de história hoje. Com toda a matéria DO ANO. E foi justamente aquele que havia sido suspenso por atirar classes por aí. O Universo faz dessas coisas com a gente.

16 de novembro de 2010

Discussões geopolíticas no msn: como salvar um país socialista da falência?



O que o meu aluno do oitavo ano faria caso fosse o presidente de um país socialista falido:



Continua...

Raul Castro, ta aí a solução pra Cuba!! Vai fundo!!

Terrorismos de Final de Ano: Neuroses de Outubro



Não existe momento tão propício quanto o final de ano pra sentirmos que a sanidade mental simplesmente tirou férias. Para o professor, o final do ano é em outubro.

OUTUBRO

Há uma teoria que secretamente se espalha por entre o meio docente: todos os professores hão de enlouquecer no mês de outubro. Eu sou a prova viva de que ela funciona.

O mês de outubro representa um período de instabilidade para o professor: 
  • O ano já avançou demais, portanto não resta muito tempo para trabalhar os conteúdos que faltam
  • O ano não avançou o suficiente para se vislumbrar as tão queridas férias
  • Nenhuma criança vai lembrar do dia do professor e o professor deve conviver em paz com isso
  • Todo mundo deve lembrar do dia das crianças sob pena de sofrer severas repreensões (por parte das crianças) 

O mês de outubro é a época em que os professores mais consomem chocolates, refrigentes e cafeína em geral. Muitos se demitem (ou são demitidos, nas escolas particulares) nesse mês fatídico.

NOVEMBRO

Novembro é um mês de pedagogia xiita. Você ameaça tirar nota, chantageia dizendo que vai dar nota, briga com os alunos, negocia com os alunos, implora pros alunos...não adianta. Todo o tipo de terrorismo docente falha. Eles não te querem, não querem aula e passam a desenhar o logo da escola atrás das grades de uma prisão. Nas paredes da sala.

Em novembro, todo e qualquer aluno que puder matar aula em dia de prova, vai (para desespero do professor, que terá de formular outra prova). Ele dormirá até mais tarde, será deixado no portão da escola mas nunca entrará, chegará sem uniforma no segundo período e sabotará o despertador dos próprios pais se isso lhe render um dia a menos de aula.

Novembro é o mês em que o planejamento de aula fica menos rigoroso, em que os professores levam quase 10 minutos para chegar na outra sala com a troca de períodos (mesmo que seja na sala do lado) e em que você se desespera porque tem 784 trabalhos/provas/testes/exercícios/temas pra corrigir no sábado à noite.

Novembro é o mês em que você se arrepende de não ter pedido demissão em outubro.

DEZEMBRO

Dezembro é o mês da reconciliação. Da paz. Do amor. Isso se dá pelo fato de que as aulas em escolas particulares costumam acabar no início de dezembro, em sua primeira semana.

As notas são fechadas de qualquer jeito, tenham eles entregue os trabalhos ou não.

As aulas são puramente uma formalidade, na prática, elas são festas. Com direito a filmes, pipocas, refris, chocolates e amigos-secretos de todos os valores que a mesada dos alunos comportar. É o único mês do ano em que os alunos (sem precisar) aparecem na escola voluntariamente, no horário certo, de uniforme e bem-humorados. É uma contradição. É um paradoxo. É uma sacanagem.

Mas nós não ligamos. Não lembramos dos traumas do ano, nem das nossas caricaturas nos cadernos, nem das ameaças.

Em dezembro a gente descansa. Come direito, dorme direito, e se dá ao luxo de se demorar um pouco mais no banheiro para fazer o número 2 sem pressa.

JANEIRO

Você sente falta das criaturinhas. Até se pergunta "por que eu queria tanto me livrar deles?" É inexplicável.

FEVEREIRO

Você lembra.

12 de novembro de 2010

Humor



Alunos, eles sempre fazem perguntas difíceis.

Notícia: professora agredida


Por isso que eu continuo convencida de que ser professor é uma profissão de risco tanto quanto pintar arranha-céus.

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Professora é agredida por mãe de aluno dentro de escola de Erechim, no norte do Estado


À polícia, mulher alegou que educadora teria puxado o braço de sua filha há dois meses

Uma professora foi agredida na Escola Municipal de Ensino Fundamental Cristo Rei — Caic, no Bairro Cristo Rei, em Erechim, no norte do Estado. Na manhã de quinta-feira, a mãe de uma aluna invadiu a sala em que a educadora estava e a atingiu com tapas e socos no rosto. A Brigada Militar foi chamada para conter a mulher.

Fonte: Zero Hora Online (12/11/10). Clique aqui para ler mais.

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O detalhe é que a senhora era bibliotecária. Ninguém está a salvo do mundo escolar.


É nessas horas que eu agradeço por ter escolhido JUDÔ ao invés de academia no ensino médio.

11 de novembro de 2010

Humor: Tempos Modernos

Ai, que saudade da década de 70...

Quando os alunos superam a si mesmos (e ao mestre)



Juro que hoje foi um dia que todo professor pediria a Deus (ou, pelo menos, aqueles mais chegados com o Altíssimo).

Dei 4 períodos tranquilíssimos de aula tendo em mente que tranquilidade não significa só ausência de agitação (um mal que sempre nos aflinge no final do ano), mas a participação e o interesse da turma. Afinal, se eles não gostam, não se interessam ou não se sentem atraídos, não é uma aula tranquila...pra mim.

Nos últimos períodos, descubro que os meus alunos do 8º ano adquiriram uma certa "intelectualidade" e um gosto por discutir (e não polemizar, o que é totalmente diferente) todos os assuntos. Normalmente, as soluções por eles apresentadas aos problemas começam com a frase "QUANDO eu for presidente..." e discorre-se uma série de soluções e medidas sócio-administrativas. É fascinante. Eu considero um exercício mental muito saudável, uma vez que eles percebem por si mesmos que possuem um cérebro funcionante.

Entretanto, esse crescimento intelectual exponencial pode intimidar um professor mais inseguro. É quando os alunos demonstram que sabem - e de fato, o sabem - mais do que o professor, mesmo que seja sobre um assunto pequeno e específico. Eu fico feliz da vida. Significa que eu terei que dar menos aulas e menos explicação.

Hoje, ao falar sobre alguns "pólos econômicos brasileiros" (café no sudeste, cana-de-açúcar no nordeste, charque no sul, etc) meu aluno, subitamente, começa uma verborragia sobre teorias econômicas, taxas cambiais e as funções do Banco Central. Confesso, com uma certa vergonha, que eu mesma só fui aprender tudo isso a uns 4 meses, quando comecei a disciplina de "Política e Economia Brasileira" na faculdade. Fiquei impressionadíssima. Ele não simplesmente recitou algo pronto. Ele SABIA.

No final, ele disse que a alternativa pra enriquecer é comprar dólares quando o câmbio estiver baixo e esperar até que o BACEN compre os dólares que sobram na economia pra que o câmbio suba novamente e ele possa trocar os dólares pela moeda nacional...em maior quantidade, óbvio. O discurso também envolveu a clássica frase "Quando eu for presidente...". (Gravei a versão "mini" do discurso no celular, mais tarde ponho o áudio).

Quando eu vi que a aula rendeu mais do que o ano inteiro, e que mesmo assim haviam grupinhos dispersos, pedi aos interessados na aula que sentassem à frente para continuarmos o diálogo. Surpreendi-me quando 50% da turma pegaram suas classes e as trouxeram até a frente. Tendo apenas 2 semanas para o final do ano, é muito raro ver essa enorme quantidade de alunos dispostos.

Só não me ajoelhei no chão e chorei agradecendo a Deus ali mesmo porque precisava garantir minimamente a minha dignidade profissional.

Fascinante, adorei. Os alunos devem superar os mestres.
Mas não a ponto de tirar-lhes o emprego, é claro.

Fatos do Dia: política



Cada aula é uma surpresa e nunca haverá duas iguais na história da humanidade, embora eu tente reproduzir toda e qualquer aula minha que tenha dado certo.

Hoje entrei pra dar aula na minha turma querida do 8ºano (7ª série), que desde o início do ano se mostrava bem interessada, mas ao mesmo tempo sempre muito relutante quanto ao próprio conhecimento. Chamavam-se sempre de "burros", "ignorantes" ou diziam "que diferença vai fazer pra minha vida aprender isso?".

Ao entrar na sala, comecei a dar uma aula bem histórica com fatos antigos e tudo o que um professor de história tradicional diria ser indispensável. De repente, um deles levanta a mão e pergunta:

"Sora, quando é que vamos voltar a poder discutir ECONOMIA e POLÍTICA?!"

Me caiu o queixo.

9 de novembro de 2010

Feira de Ciências 2010: vulcões de argila.



Feira de ciências é um momento único na vida...do professor. Os alunos tendem a não dar a devida importância ao evento da feira pois a possibilidade de ficar dois períodos vagando pelo pátio ofusca qualquer aquisição de conhecimento de forma espontânea.

Hoje, numa manhã de terça-feira ensolarada (e neste momento chove até acabar o mundo, eis o clima do RS) com 45ºC à sombra, às 10h30min da manhã, aconteceu a abertura da feira. Os alunos mais animados foram aqueles que, a princípio, não iriam participar. Os que precisavam de nota sequer compareceram à aula, mas apareceram muitos trabalhos interessantes.

No total (se bem me lembro, porque eu não me prendo a detalhes) foram 10 apresentações. Dessas dez, 6 foram com o conteúdo de geografia. Dessas 6, cinco eram vulcões de argila. Desses cinco vulcões, quatro misturaram bicarbonato de sódio e vinagre e fizeram os vulcões entram em "erupção".  Desses quatro, só um grupo soube me explicar como se forma um vulcão e como entram em erupção. (Justamente aquele grupo que estudou sobre placas tectônicas e vulcões esse ano)

Momento humor negro: o sexto grupo do vulcão (composto por dois alunos do 8º ano) veio atrás de mim desesperado. Queriam montar uma experiência pra ganhar nota mas não tinham nenhuma idéia e nenhum material, e a experiência que eles iriam fazer na feira não deu certo porque eles perderam o prazo de inscrição. Morrendo de pena, e estando ciente (achava eu, até o momento) de todos os trabalhos que seriam apresentados, disse-lhes: olha, eu tenho isopor, argila e vinagre. Só falta o bicarbonato. Por que vocês não fazem um vulcão? Acho que ninguém vai fazer!

Estou seriamente pensando em batizar essa feira como a "feira dos vulcões". Se não os alunos, pelo menos os funcionários da escola nunca esquecerão o evento. O cheiro de vinagre impregnado no chão do pátio graças a todas as explosões misturado com o calor infernal daquela hora da manhã ajudaram o evento a tornar-se memorável.

Um pequeno destaque para os trabalhos da quinta-série, muito bem feitos e com alunos muito aplicados em confecioná-los e explicá-los.

Um grande destaque para dois alunos meus: o grupo "do vulcão ganhador", que soube explicar belissimamente a teoria sobre vulcões (e que por acaso estudaram isso comigo no segundo trimestre, quando construí um vulcão com eles) e o aluno que apresentou simultaneamente um trabalho sobre tsunamis, tornados e terremotos, com direito a mini-reprodução de todos esses acontecimentos com pequenas experiências (e que por acaso estudou isso comigo no segundo trimestre, mas não realizei nenhuma experiência).

Ai, que coisa. Pelo menos sobrevivi.

8 de novembro de 2010

ENEM 2010

Jesus! Esse ENEM tá amaldiçoado!
Eu ensino meus alunos a pensarem racional e logicamente para que sobrevivam a qualquer prova e os responsáveis pelo ENEM avacalham com o meu trabalho. Indignação!

Justiça Federal determina suspensão do ENEM 2010


A juíza da 7º Vara Federal do Ceará, Carla de Almeida Miranda Maia, acatou o argumento do Ministério Público Federal do Estado (MPF-CE) e determinou a imediata suspensão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2010 até posterior deliberação. A decisão tem efeito em todo o Brasil. Segundo o MPF-CE, a juíza acatou o argumento de que o erro na impressão do caderno de provas causou prejuízo para os candidatos. 
“A disponibilização do requerimento àqueles estudantes prejudicados pela prova correspondente ao caderno amarelo, e a intenção de realizar novas provas para os que reclamarem administrativamente não resolve o problema. Novas provas poriam em desigualdade todos os candidatos remanescentes”, afirmou a decisão da juíza.
(ZH Online)

Notícia completa clicando aqui.

Video: História dos EUA

Pra aqueles que gostam da História contada de maneira não-tradicional:



Clique aqui e assista a versão de 3 minutos no Youtube com uma breve descrição da história dos Estados Unidos da América, extraido do filme "Tiros em Columbine" de Michael Moore.

Sobrevivendo em Ambiente Hostil: armas brancas letais



Nijas e samurais que me perdoem, mas quem entende mesmo de armas brancas são os meus alunos.

Nas mãos de um aluno de 10 anos, qualquer buchinha de papel transforma-se em uma arma letal, capaz de cegar aquele aluno querido, que senta na frente e usa óculos. (A buchinha de papel ganhará um post a parte, qualquer dia desses)

Atilhos são estilingues. Tubos de caneta vazios são flechas. E eu nem devo comentar sobre igualmente mortais palitos de picolé.

Intencionalmente ou não, sempre há alguém lesado no final das contas. Eu, por ser adepta dos óculos permanentes desde os 12 anos de idade, defendo toda a prática de esportes durante o recreio que não envolva o uso de bolas, mas sou vencida pela maioria e subjugada pela superioridade visual dos demais.

No "sobrevivendo" de hoje, tivemos um aluno, uma aluna, uma porta de metal e um dedinho prensado. Pra qualquer fim escolar a situação é terrível e eu particularmente detesto quando meus alunos se comportam como animais irracionais que fugiram da jaula. Mas sempre acho que eles devam arcar com as consequências, mesmo quando a atitude não foi intencional.

Como estou em clima de final de ano, tão desesperada quanto os alunos, com um quê de malícia pensei: "ainda bem que não foi na minha aula".

5 de novembro de 2010

Fatos do dia: faltar aulas



Quando aluna, eu adorava faltar aulas. Especialmente numa sexta-feira.

Não sei o que me deu. Hoje precisei faltar ao trabalho na escola para tratar de negócios com mais retorno financeiro (um professor também precisa se manter, uns trabalhinhos extras ajudam aos que, vivendo num país de terceiro mundo, não vêem a sua profissão de educador ser reconhecida...ou suficientemente remunerada). Como é tenso se afastar da escola num dia em que você deveria estar lá, dando aula. E isso que, em função do meu compromisso ser apenas no meio da manhã, pude dormir pelo menos duas horas a mais do que num dia normal.

Confesso que eu não sei como os outros profs fazem. Eles parecem-me anormalmente tranquilos e irritantemente despreocupados quando precisam fazer isso. Deixei tudo planejado, mandei as instruções passo-a-passo para a administração da escola e guardei os materiais necessários no meu armário um dia antes. Acordei com a monitora, de manhã, me ligando, porque a coordenadora não havia chegado, a secretária tampouco e ela não tinha acesso ao email. Expliquei brevemente o que ela deveria fazer e desliguei. Inútil, não consegui dormir mais. Fiquei preocupada.

Enquanto estava tratando de negócios em outra cidade (nada ilegal ou imoral, juro) pensava o tempo todo na escola. Será que eles fizeram a chamada? Será que alguém faltou? Será que os filmes e documentários que eu deixei funcionaram certinho no dvd? Será que eles gostaram? Será que entenderam? Será que eles fizeram um motim, recusarem-se a ver os filmes e incendiaram o colégio?

Pedi um feedback pra coordenadora, de tarde, e ela me disse que foi tudo bem. E nada mais. Nenhum detalhe, nenhum aviso, nenhum recadinho carinhoso de aluno dizendo que sentiu minha falta.

Agora preciso planejar e preparar a próxima aula deles e nem sequer sei como foi a última.

Professor deve ser o único profissional que passa por esses dramas psico-social-metodológicos quando tem que trabalhar. E gosta.

O drama de alguns professores



Sofro atualmente de um drama profissional que erroneamente pensava acontecer apenas comigo. Tenho 21 anos e sou professora do 6º ao 9º ano (ou da 5ª à 8ª série). Muitos dos meus alunos são maiores do que eu e, em particular, um do 9º tem quase a minha idade.

Nunca tive esperanças de ser contratada para trabalhar tão cedo: em relação a aparência muitos ainda acham que eu tenho 16 anos. Na escola onde estou trabalhando, lembro-me que no primeiro dia, quando cheguei, a monitora perguntou se eu era aluna ou se ía me matricular. Fiquei muito sem graça de dizer que eu estava ali para a entrevista para professor de geografia.

Em geral, depois que essa parte se resolve, pensei que nunca mais teria problemas vindos da administração da escola e sim dos alunos. Cheguei a conclusão que as coisas só poderiam ir para dois lados: ou eles me receberiam como uma professora amiga, que tem o mesmo estilo de vida e a mesma linguagem (com algumas exceções) internética e se sentiriam à vontade comigo a ponto de não me devotarem o respeito docente devido, ou ficariam desconfiados da minha aparente juventude e questionariam a minha capacidade de ensiná-los alguma coisa. Felizmente, nenhum dos dois aconteceu. Acreditam plenamente na minha capacidade e me recebem muito bem, inclusive adicionando-me aos seus messagers, orkuts e daí por diante. Não há falta de respeito e ocasionalmente extrapolam nas brincadeiras, o que eu considero ser mais em função da fase escolar em que se encontram.

Entretando, a administração da escola acaba comigo. No sentido cômico, é claro. Seguindo a orientação da escola de que os professores também deveriam usar o uniforme, nas poucas vezes em que o fiz, fui confundida com os alunos. Algumas vezes, quando a monitora ou a coordenadora entravam na sala, nem sequer me enxergavam: eu estava igual a todos os outros (e também era do mesmo tamanho).

Para resolver parcialmente o drama, passei a não usar mais o uniforme da escola e todas as roupas com que trabalho são radicalmente diferentes em modelo e cores do uniforme escolar. Na prática, não me importo de ser confundida com um aluno (a vaidade feminina me impede de reclamar por ser vista como mais jovem), mas me demandava muito tempo acalmá-los e reestabelecer a ordem na turma quando todo o tipo de piadinhas apareciam sobre o meu tamanho.

Não posso reclamar: exerço a profissão por mais que os meus empregadores tenham achado inicialmente que eu era menor de idade. Com 21 anos, estou concluindo a faculdade de História e vou ingressar no bacharelado. Entretando...

...o que farei com os próximos empregadores?

Quem (além da minha escola) vai querer contratar uma professora que aparenta ser um aluno?

Não que eu ache que a professora precise ter cara de professora. E admito que muitos no meu curso realmente têm cara de professores (aquela cara de quem carrega o bom humor e a sapiência no coração, geralmente usam óculos) e outros apenas de historiadores (aquelas carinhas mais revolucionárias com piercings, cabelos grandes e all star). Talvez eu seja a única que tenha cara de adolescente.

O drama profissional continua...

4 de novembro de 2010

Humor: a realidade geopolítica do mundo


Já sabe: a próxima vez que o cara do suporte técnico se chamar John, seu nome é na verdade Abhilasha.
 
Fonte: não me lembro

OBS: Se meus alunos lesse o blog eles entenderiam. Estudamos a geopolítica da Índia.

Humor: Antiguidade


O que mais um escravo egípcio poderia querer além de visibilidade?

Fonte: www.capinaremos.com

Humor


Dia dos professores: só as editoras de livros didáticos lembram-se dele.

3 de novembro de 2010

Notícia: Ditadores têm mais filhos que os líderes democráticos

Para aqueles que dão aula de história, uma teoria interessante de se discutir com os alunos:

Humor: Idade Média

Idade Média: bons tempos aqueles em que os banhos eram apenas duas vezes por ano.

Idade Média: super intolerantes quanto a qualquer personagem da Stephenie Meyer


Peste Negra: mais popular do que gripe na Idade Média


Fonte: www.capinaremos.com


Tentando coisas novas: argila.



Atire (em mim) a primeira pedra o professor que nunca pensou que trabalhar com argila seria um sucesso.

A variedade de materiais escolares disponíveis para se trabalhar com os educandos muitas vezes causa uma falsa ilusão de diversão e sucesso. É tudo mentira.

A argila, por exemplo, pode ser comparada ao entorpecente ilegal: você fica afoito pra comprar, é extremamente difícil de conseguir em grandes quantidades, pensa que a aventura vai ser psicodélica e os resultados são um "barato" de cinco minutos com os alunos e roupas completamente sujas.

No meu caso, a argila é aquele sapato bonito dentro do armário: você olha e pensa "que lindo esse sapato, por que parei de usá-lo?". Calça-o e vai trabalhar. No meio da tarde, descobre: o mindinho esquerdo está irremediavelmente esmagado. É essa a minha impressão com a argila. Eu planejo, compro, levo e quando chego lá eu me lembro: "ahhhh, é POR ISSO que eu não trabalhava mais com argila..."

Pena que o esclarecimento mental vem tarde demais.

Estava eu lá hoje, dando aula, esperando o momento derradeiro de usar a argila. Quando vejo o rostinho dos alunos observando suas classes forradas com jornais lembro-me do pior. Mas agora é tarde. Eles já sabem. Só há duas alternativas: encarar a tarefa com a dignidade de um guerreiro espartano ou sair correndo enlouquecidamente para salvar a sua vida. Pois bem, a monitora chaveou o portão, me impedindo de escolher a opção mais covarde. Enfrentei, portanto.

Dessa vez, eles quase conseguiram me enganar.

Cada um deles ficou lá, nos DOIS (repito: dois) primeiros minutos apenas amassando a argila e pensando em como realizar a tarefa. Pensei: bom, dessa vez não será tão ruim.

O professor, quando planeja, sempre acha que vale a pena.
"Se eu forrar com bastante papel eles não se sujam".
"É só a gente fazer a atividade lá fora que não dá  bagunça"

Poucos minutos depois um coral de "professora! professora!", barulhos de jornal rasgando, aluno esculpindo estátuas gregas com TODOS os seus atributos masculinos em tamanhos desproporcionais, "alguém tem tesoura pra me emprestar?", "não, meeeeeu" e, sem aviso, PLAFT. Argila na parede. "Eu só queria ver se grudava, sora!". Argila nos pés, nas mãos, nas classes, no chão: e todos os lugares onde não se poderia considerar uma obra de arte, lá estava a argila.

Ledo engano o meu, achar que meus alunos poderiam confeccionar algo que lembrasse a cultura grega. É incrível ver como um pedaço de barro moldável pode fazer com que as crianças esqueçam-se de seus atributos angelicais para assumirem o seu lado de animais irracionais histéricos. E eles têm 11 anos! Quase chorei.

Pelo menos posso afirmar, com certeza, que -se não psicologicamente - pelo menos fisicamente saí ilesa da experiência: minha calça jeans de lavagem claríssima e minha blusa ficaram intactas.

Murphy perdeu o momento de me sacanear.
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Caneta e papel para anotar a atividade que PODE dar certo um dia:
  • Confeccione cartazes com folha A4 que representem vários aspectos da cultura grega (teatro, olimpíadas, mitologia, cidades-estado, etc)
  • Espalhe os cartazes pelas paredes da sala e ponha classes perto deles, para que os alunos possam trabalhar voltados para as imagens e os textos.
  • Depois de forrar generosamente as classes com jornal ou revistas, distribua uma "peça" de argila para cada um e peça que confeccionem algum objeto que lembre ou que represente o assunto do cartaz escolhido
  • Ponha a argila pra secar no sol (atenção: se o dia amanhecer chuvoso é um sinal que o deus Piaget te dá para avisá-lo que esse dia não é propício para os trabalhos manuais)
Mais tarde eu ponho as fotos das "esculturas gregas" que os meus alunos moldaram.

2 de novembro de 2010

Humor


Bailes de formatura, é sempre difícil achar um tema...
(Contribuição de @this_gus)