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29 de outubro de 2010

Tentando coisas novas: caça ao tesouro e confecção de livro




Uma das coisas que nos desestruturam psicologicamente, enquanto professor, é justamente o ato de dar aula.

Um "brainstorm" (popularmente traduzido como "tempestade de idéias" ou, como diria um amigo, "toró de pensamento") se arma em sua cabeça. Tudo passa pelo mais alto critério antes de ser posto em prática:

  1. Eles vão gostar?
  2. Eu vou gostar?
  3. Vai ser produtivo e ensiná-los alguma coisa?
  4. Existe a possibilidade de ter que chamar o plano de saúde conveniado da escola?
Depois, é tarde demais: você planejou a aula, sabe a teoria, revisou os detalhes. Na sua cabeça é mais do que impossível dar errado.

Mas dá.

Estava eu pensando no que iria fazer com uma das minhas turmas para tirá-los da sala de aula e movimentá-los pela escola, dar mais ação ao conteúdo. Decidi-me por um caça ao tesouro que culminaria na produção de um livro, a ser disponibilizado para o uso na biblioteca.

Na hora de executar, surpresa!

"Sora, ele pegou o meu estojo!"
"Sora, não acho o envelopinho, já procurei em TODOS os lugares!"
(diz o jovem, tendo olhado apenas em baixo do seu banco)
"Me dá aqui esse livro, ME DÁ AQUI ESSE LIVRO!"

E quando vejo..."ops! acho que rasgou".
Sem olhar, eu torço mentalmente para que a interjeição refira-se ao livro que estão confeccionando, e não à calça de um dos alunos.

Tudo bem. A idéia era boa.
Quem sabe no ano que vem?
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Para os que têm infinita esperança, cedo a minha quase aula:

  • Pegue o conteúdo e reuna-o no word, deixando uma imagem e um pequeno texto para cada "parte" do seu livro.
  • Separe as imagens e os textos em envelopes e distribua-os pela escola em lugares de difícil (mas não perigoso) acesso: isso garante que eles percam boa parte da energia procurando os envelopes.
  • Deixe à disposição folhas de ofício para que os que finalmente encontrarem o seu envelope possa começar a associar imagens e textos e colá-los de acordo com a ordem correta nas folhas.
  • Depois que os alunos colaram (e se possível, durante o processo, pra evitar dores de cabeça), revise todas as páginas para garantir que todas as associações foram feitas corretamente, guarde as folhas e mande encaderná-las.
  • Disponibilize o livro na biblioteca da escola e quando um aluno estiver com dúvidas sobre o assunto, peça-o para procurar a solução nas páginas do livro que ele mesmo ajudou a fazer.

Desconstrua. Cause um desequilíbrio. Desacomode seu aluno.

Deixe Piaget orgulhoso.

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